No total, as cinco gerações do Clio venderam quase 17 milhões de unidades em 120 países de todo o mundo. Fui o feliz proprietário de um modelo de 1990, agora, passados tantos anos, estive na apresentação do Clio 6 e…como os automóveis estão diferentes.
Quem já teve um Clio sabe que estamos na presença de um Rei da cidade. No início dos anos 90 existiam outros príncipes como o Peugeot 205 (mais tarde o 206), Ford Fiesta, Fiat Punto, Nissan Micra ou o Toyota Starlet. No entanto, a verdade, é que apenas alguns modelos urbanos contemporâneos do Clio, nomeadamente o Seat Ibiza, o Opel Corsa e o Volkswagen Polo, permanecem entre os líderes de vendas no segmento. É verdade que, entretanto, surgiram outros príncipes como o Citroën C3, Peugeot 208, Hyundai i20 e o Toyota Yaris.
O Clio é um best-seller, o carro mais importante para a Renault. A apresentação internacional à Imprensa dos diferentes países – a nível mundial – aconteceu na Costa do Sol. Os jornalistas chegavam ao aeroporto de Lisboa, eram recebidos pela organização local, uma refeição, um briefing, e partiam a conduzir o novo Clio na direção da Costa do Sol onde ficavam a dormir no hotel Evolution Estoril-Cascais com vista para o mar.


Há coisas inalteráveis na vida
O Clio é um automóvel pronto a manobrar, nas ruas mais estreitas, fácil de estacionar, e que gosta de fazer “peito grande” a modelos de segmentos superiores quando chega a altura de acelerar na autoestrada.
A primeira geração remonta a 1990, foi precisamente este modelo que comprei a senhor de idade, residente em Sacavém, que aceitou vender-me um Clio MK1. Confortável, com consumos comedidos, direção assistida a braços, rádio FM a preceito, foi sempre um bom companheiro de viagem e, apesar de aquecer de vez em quando no pára-arranca, nos dias de maior trânsito, nunca fiquei pendurado no caminho.




O Clio II era mais um «casulo», tanto em termos de design como de conforto. O Clio III elevou a qualidade percebida a um nível nunca visto no segmento B, continuando a desenvolver funcionalidades, como o Carminat Tomtom. O Clio IV lançado em 2012, na Europa marcou uma revolução no design com o logotipo em grande na grelha frontal. Já o Clio V foi construído em torno de um grande ecrã central, coincidindo com o surgimento dos serviços multimédia.
O sucesso do Clio nos últimos 35 anos também pode ser atribuído aos seus motores. O 1.5 dCi vendeu que “nem pãezinhos quentes”, sendo durante muito tempo uma das referências quando falamos de motores Diesel. O motor híbrido E-Tech foi um grande sucesso no modelo da quinta geração, representando 30% das vendas na Europa.




Novo hatchback redefine padrões
No mês de outubro viajámos até Paris para a primeira revelação do novo Clio. Ao ‘destapar do pano’ as opiniões dividiram-se em relação ao design. Alguns jornalistas afirmaram que era uma mistura de influências de diferentes modelos; que era parecido com o Fiesta, que tinha algumas coisas do BMW Série 1 e do Seat Ibiza. Balelas! Quando pegamos no Clio 6, o levamos a passear, paramos para fotografar, e o estacionamos, é ouvir as opiniões elogiosas das pessoas que vão passando e olhando com interesse para o carro.
O estilo atlético do novo Renault Clio é expresso por dimensões mais generosas em relação ao modelo da geração anterior. O comprimento aumentou de 4,05 m para 4,12 m (+ 67 mm) e a largura de 1,73 m para 1,77 m (+39 mm). Como resultado, o capot é mais longo, com novas dimensões que realçam as linhas dinâmicas da carroçaria. Esta é prolongada por uma linha do tejadilho perfilada. A peça central do novo design é o capot, com um vão dianteiro mais longo (+ 26 mm), via dianteira mais larga (+ 39 mm) e uma nova frente extremamente expressiva. A grelha do radiador tem um padrão de diamantes em padrões graduados. A nova assinatura luminosa, com grandes luzes diurnas, combinando com as jantes de 18” (dependendo da versão) contribuem para uma presença visual mais vincada em estrada.


Tudo o que é necessário a bordo
No interior do habitáculo o ambiente é moderno e confirma a ambição de subida de divisão do ponta de lança gaulês. O ecrã duplo de 10,1” polegadas (dependendo da versão) e o volante compacto inspirado no Renault Austral ou no Rafale centram as atenções. A qualidade dos materiais melhorou bastante.
O painel de instrumentos do lado do passageiro apresenta um acabamento têxtil (varia conforme a versão) com retroiluminação ambiente por LEDs, numa cor selecionada entre as 48 disponíveis. Na versão topo de gama Esprit Alpine, o acabamento é em Alcântara em vez de têxtil, com um acabamento «titânio espectral» em ambas as extremidades do painel de instrumentos, que lembra o escape de um automóvel desportivo.
O novo Clio oferece mais espaço de armazenamento do que o seu antecessor: a consola central inclui um compartimento com uma tampa macia e dobrável, semelhante à tampa do ecrã de um tablet. O habitáculo inclui duas portas USB-C na frente, um carregador por indução (dependendo da versão) e uma tomada de 12 V na traseira, que pode ser usada para conectar um adaptador USB ou para alimentar um acessório, como uma arca refrigeradora ou um compressor de ar.




No interior do automóvel encontra-se o ecrã duplo, em forma de V, do sistema multimédia OpenR Link, com Google integrado. Está equipado com 29 sistemas avançados de assistência ao condutor (ADAS). A distância entre eixos alargada e o comprimento maior do habitáculo criam mais espaço para os passageiros traseiros, que também acabam por ganhar mais espaço para os joelhos com o recuo marcado nos encostos dos bancos dianteiros. A bagageira tem uma capacidade total de 391 litros (dependendo do motor), com uma plataforma de carga mais acessível, 40 mm mais baixa do que na geração anterior. O botão de abertura está integrado na porta traseira.



Chassis avançado e um motor de eleição
O novo Clio é construído sobre a plataforma CMF-B do seu antecessor, com uma distância entre eixos ligeiramente mais longa (2,591 m) e vias mais largas em 39 mm na frente – da mesma forma que no Captur – e 10 mm na traseira, para um melhor controlo do rolamento. Ao mesmo tempo, o diâmetro máximo das rodas foi aumentado de 17” polegadas para 18” polegadas, embora a altura da parede lateral permaneça inalterada para manter o conforto.
Os engenheiros aperfeiçoaram o chassis para procurar alcançar o mesmo nível de conforto e de desempenho dinâmico do Clio V, que era a uma das referências na sua classe. No comportamento dinâmico sentimos a evolução. A posição de condução melhorou, o volante mais vertical, com boa pega. Não realizámos muitos quilómetros neste primeiro ensaio dinâmico, de qualquer forma, as primeiras impressões confirmam que o Clio está mais “maduro” a curvar, mais seguro. Conduzi a versão Esprit Alpine E-Tech – a mais vitaminada – com 160 CV. As passagens de caixa acontecem de forma suave contribuindo para consumos mais comedidos. Os engenheiros da marca indicam que é possível reduzir o consumo de combustível em 40%, comparando com o anterior motor a gasolina, e que este bloco é capaz de permanecer no modo elétrico durante/até 80% do tempo em utilização urbana e extraurbana. Além de um aumento de potência dos 145 para os 160 CV, o motor full hybrid E-Tech 160 em termos técnicos é o mesmo, com um motor de combustão interna assistido por dois motores elétricos geridos por uma caixa de velocidades multimodo inteligente e sem embraiagem.
A principal alteração reside no novo motor de combustão de 1,8 l com binário aumentado (+22 Nm), que substitui a unidade anterior de 1,6 l. Mais moderno, possui injeção direta e funciona com um ciclo Atkinson. A capacidade da bateria foi aumentada de 1,2 kWh para 1,4 kWh. Não é nenhum foguete, mas a aceleração de 0 a 100 km/h (8,3 segundos) é suficiente para dar alegria à vida quando a estrada, os radares, e a segurança da via o permitem. Os valores indicados pela Renault para o consumo combinado de combustível indicam 3,9 litros/100 km (vamos confirmar mais tarde se não são demasiado otimistas) e emissões de CO₂de 89 g/km.


TCe 115: um novo motor de entrada com três cilindros
A entrada de gama continua a ser um motor a gasolina de três cilindros. O ICE TCe 115 é o mesmo que o do sistema de propulsão full hybrid E-Tech de 200 CV instalado no Austral, Espace e no Rafale. Com 115 CV, para uma cilindrada de 1,2 litros tem como o seu sistema de injeção direta e à eficiência do ciclo Atkinson. O TCe 115 está disponível com uma caixa manual de 6 velocidades ou uma caixa automática EDC 6 de dupla embraiagem que pode ser operada, manualmente, através das patilhas no volante.

GPL é sucesso em Portugal
Uma versão Eco-G 120 CV EDC deste novo motor de três cilindros e 1,2 litros deverá juntar-se à gama seis meses após o lançamento. Esta unidade flexível, a gasolina-GPL, será combinada com a caixa de velocidades automática EDC. Proporcionará uma alternativa mais ecológica e económica ao Diesel, com uma autonomia recorde de 1.450 km, graças ao aumento da capacidade do depósito de GPL de 32 para 50 litros, tornando possível percorrer distâncias mais longas, sem necessidade de reabastecimento.

Segurança é palavra de ordem
Além do travão de estacionamento automático e do controlo de velocidade de cruzeiro adaptativo, de série na versão Evolution, o novo Renault Clio vem equipado com mais sistemas de assistência à condução (ADAS). Estão disponíveis até 29 funções diferentes (dependendo da versão), como o Active Driver Assist com controlo de velocidade de cruzeiro adaptativo inteligente. O Active Driver Assist adapta, automaticamente, a velocidade do automóvel ao perfil da estrada, incluindo curvas ou rotundas. Também se adapta não só à velocidade do veículo da frente, mas, também, à dos veículos à esquerda e à direita, para evitar ultrapassagens acidentais pela direita.
Ainda no modo de condução semiautónoma, se o condutor não mostrar sinais de atividade, o sistema não se limita a desligar o Active Driver Assist como aviso, uma vez que também ativa a função de assistência à paragem de emergência, que desacelera, automaticamente, o automóvel – com as luzes de emergência a “piscar” – até parar completamente. Outras funções incluem a travagem automática de emergência em marcha-atrás e o alerta de saída segura dos ocupantes: um aviso sonoro e visual com uma luz intermitente no painel da porta.
Em termos de auxiliares de estacionamento, a câmara de marcha-atrás e a câmara 3D com visão de 360° fornecem imagens de alta definição. Uma câmara interior é instalada no pilar do para-brisas para detetar a fadiga ou uma distração do condutor.




Quando ficamos cansados de alertas e avisos sonoros…
Os regulamentos exigem que os 29 sistemas de assistência à condução (ADAS) sejam ativados sempre que o automóvel é ligado, mesmo que não sejam necessariamente desejados ou necessários da mesma forma. Para evitar reinicializações sistemáticas pelo condutor, a Renault desenvolveu o My Safety Switch. Localizado à esquerda do volante, permite ao condutor ativar ou desativar as suas configurações preferidas através do toque num botão.
Preços do novo Renault Clio:
| Motor | Versão | preço base (€) | I.S.V. | I.V.A. | P.V.P.R. (€) |
| TCe 115 | Evolution | 17 304,32 | 573,73 | 4 111,95 | 21 990 |
| TCe 115 | Techno | 18 686,43 | 573,73 | 4 429,84 | 23 690 |
| TCe 115 EDC* | Techno | 19 903,25 | 576,42 | 4 770,33 | 25 190 |
| — | Esprit Alpine | 21 282,61 | 579,18 | 5 028,21 | 26 890 |
| Full hybrid E-Tech 140 | esprit Alpine | 19 752,24 | 3 858,87 | 5 420,89 | 28 990 |

Dez números-chave:
1: a posição do Renault Clio no ranking de vendas em França e na Europa (primeiro semestre de 2025).
6: o número de gerações do Renault Clio, desde o seu lançamento, em 1990.
29: o número de ADAS (auxílios à condução) disponíveis no novo Clio.
35: o número de anos que o Renault Clio está presente no mercado.
89: o número recorde de gramas de CO2/quilómetro emitidas pelo motor híbrido E-Tech de 160 CV
120: o número de países em todo o mundo onde o Clio foi vendido desde a primeira geração.
Mais de 1000: o número de automóveis Clio que saem da fábrica de Bursa todos os dias.
1990: o ano em que foi lançada a primeira geração do Renault Clio.
68 000: o número de quilómetros que seriam percorridos por 17 milhões de Clio, em fila indiana, o equivalente a 1,7 vezes a circunferência da Terra.
17 milhões: o número de automóveis Renault Clio vendidos, em todo o mundo, nas cinco primeiras gerações.


